terça-feira, 30 de outubro de 2012

Etiqueta para as confraternizações


Ano vai, ano vem e muitas ocasiões se mantêm na lista das tradições. Somada ao panetone de frutas, ao pernil com molho de maracujá preparado pela tia-avó ou a chegada do bom velhinho, também se somam à listagem as festas de confraternização das empresas. 
Momento de diversão e sociabilização, a ocasião também se revela excelente para avaliações comportamentais, porém pouco percebidas pelos participantes. Uma dose de bebida a mais, uma peça de vestuário errada para a ocasião ou quem sabe socorrer aquele amigo chato. Exatamente, estas e outras tantas situações podem ser observadas, quando as pessoas perdem o equilíbrio e partem para os exageros.
Especializada em etiqueta empresarial, Célia Leão, que atua no mercado há mais de duas décadas destaca, em entrevista ao Shopping News, que o bom censo é alma do negócio. “Os exageros partem de todos os lados. Presidentes, diretores, gerentes entre outros funcionários acabam por cometer erros na hora das festas de confraternização”, avalia.
Durante um bate-papo, na manhã cinzenta da última segunda-feira, em seu aconchegante apartamento no bairro de Higienópolis, a profissional que oferece serviço de consultoria para grandes empresas frisa: “Sempre existem momentos exagerados. Aliás, há 21 anos falo sobre este assunto”.
Diversos são os erros que moldam o tema, mas Célia destaca três: o vestuário errado; a bebida exagerada e momento sindical. “Muitas empresas aboliram dos eventos de final de ano a bebida alcoólica. A escolha do vestuário é algo importante e sempre é bom lembrar que a festa da empresa não é a balada. E reivindicar na presença dos superiores é algo complicado, assim como querer aparar as arestas com aquele colega durante a festa. Tem coisas que não são aceitas em momento algum”, alerta.
Diferentemente do imaginado por muitos, a profissional atesta que “etiqueta” não é questão de fama ou poder; e muito menos de dinheiro. “Ser uma pessoa cortês, com ética e com integridade permite uma sobrevivência mais harmoniosa em tempos de modernidade.”
Por fim, Célia Leão frisa que as pessoas precisam rever seus conceitos, e ,neste momento de final de ano, precisam repensar o que querem para o ano seguinte, sendo as festas de confraternização das empresas um momento interessante: “se forem assertivas, certamente desfrutarão de um ano repleto de realizações, mas se optarem pelos exageros poderão ser retribuídas com resultados não tão positivos como esperados”. Acompanhe a íntegra da entrevista e aproveite as boas lições de etiqueta para evitar os velhos erros.

Como você iniciou nesta área de consultoria empresarial?

Faz exatos 21 anos. Iniciei dando uma palestra para um grupo de secretárias e gostei da área. Inicialmente ministrava aula de etiqueta social, no Senac, e certa vez fui convidada para palestrar para um grupo de executivos de uma empresa petrolífera.

Quando de fato o mercado corporativo começa a buscar o auxílio da etiqueta social para seus executivos?

Não existia um mercado naquela época. Tínhamos um banqueiro que se preocupava com o assunto e começou a investir em seus executivos. Posso dizer que a necessidade, ou a abertura deste mercado teve início quando o Muro de Berlim foi derrubado, pois tivemos o início da globalização. Os brasileiros também começaram a correr atrás, pois é importante viver em um mundo com mais limites. A cortesia faz com que a vida em uma cidade grande pese menos. Trabalhar ao lado de gente mais cortês, mais ética, com integridade  faz com que o peso da modernidade se torne menor.

Quais eram as dificuldades de 20 anos atrás e quais são as atuais?

Acho que as mesmas. As pessoas se atrapalham muito quando o tema é formalidade à mesa e ou com vestimentas. O brasileiro se confunde um pouco e ainda é afetuoso na hora errada.

O brasileiro aceita crítica com facilidade? Como é dizer o que está certo e o que está errado?

Sou bem-sucedida e faço um trabalho que gosto. Talvez uma das ferramentas que me faz ser aceita com facilidade é o humor. Sempre falo que na casa do vizinho aconteceu algo. É complicado educar ou fazer com que as pessoas revejam seus conceitos e isso não pode ser um sinônimo de humilhação. Tudo é uma questão de sutileza. São poucos aqueles que erram porque querem, e estes estão na categoria de endinheirados, e por vezes confundem o status com o poder tudo, e isso deveria ser o inverso, pois estes deveriam dar o exemplo.

Final de ano e no calendário das empresas está marcada a festa de confraternização. Quando tem início este evento nas agendas empresariais?

Acredito que festas de final de ano fazem parte das corporações. Posso dizer que sou meio avessa a estes momentos, pois as pessoas confundem muito. Este momento não significa “liberou geral”. As pessoas lidam com pouca responsabilidade nestes eventos.

Seria este um momento para as chefias fazerem avaliações?

Certamente. Trata-se de um momento em que a chefia não tem responsabilidades de decisões, e este é o tempo de observar aqueles que são parte do seu time, de medir atitudes e de fazer agradecimentos.

O choque de gerações alterou o comportamento das pessoas em tais eventos?

Acredito que não. Aliás, há muito tempo falo sobre este tema. O bom censo, por vezes, é visto nas diversas esferas da empresa, da presidência a gerência, entre outros postos.

Quais são os principais erros destes momentos de confraternização?

As pessoas fazem o consumo de álcool exagerado; querem aparar arestas fora do momento; fazem reivindicações com a chefia na hora errada. O importante é ter limites. Sei de empresas que após exageros de funcionários acabaram abolindo as bebidas alcoólicas do evento. Também existem muitos erros com o vestuário escolhido para o evento. 

É elegante levar acompanhantes para festa?

Se a empresa fizer um convite extensivo é permitido. Caso contrário, não. Importante que a responsabilidade do acompanhante é única e exclusiva do funcionário que está levando.

Outra tradição do final do ano, por vezes embutida nas festas de confraternização é o amigo secreto, certo? Comente sobre este tema, que também pode causar inesquecíveis saias justas?

Acho como algo simpático e democrático. Lógico que precisa ter limite mínimo e máximo de valores. Todos podem participar da senhora da limpeza ao diretor presidente. Trata-se de uma brincadeira que permite a sociabilização das pessoas. Também importante lembrar que não é de bom tom presentear com itens pessoas, como perfumes, lingeries, entre outros itens.

Qual a mensagem que você deixa para empregados e empregadores neste momento de confraternizações?

As pessoas devem ser responsáveis nas celebrações. Quando é feita com sabedoria é possível comemorar durante todo o ano novo seguinte, e quando feitas com sem responsabilidade, certamente, contribuem para que um ano seja tão feliz. Costumo dizer que aqueles que acreditam em sorte, também devem acreditar em Papai Noel, pois isso não existe. As pessoas devem fazer a sua parte, sendo mais responsáveis, pois certamente a “sorte” poderá lhe sorrir com uma maior frequência.
Por Davi Brandão / Equipe Shopping News

Nenhum comentário:

Postar um comentário