quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Duas vidas


No final da semana passada, com o frio e a vontade de, para variar, ficar em casa (já que tanto meu marido quanto eu, por conta da profissão, viajamos sem parar...), alugamos alguns vídeos e, sem pressa, nos pusemos a assisti-los. E, entre eles, trouxe comigo o filme chamado Duas Vidas, com Bruce Willis. 
O filme é antigo e talvez muitos de vocês já o tenham assistido mas, como o que é bom é atemporal, vale refletir novamente sobre a mensagem que ele traz. Nosso personagem é um consultor de imagem absolutamente bem sucedido, com agenda cheia o tempo todo e que, às vésperas de completar seus 40 anos acha que está tendo alucinações quando se encontra com um garotinho que o "persegue" sem que ele tenha chance de escapar. E, na verdade aquele garotinho de oito anos é ele mesmo, refletindo como tem levado sua vida ultimamente e tendo a chance de uma outra vida...
Seria mesmo muito bom se todos nós tivéssemos a chance de podermos ter duas vidas,não é mesmo? Mas... como isso é impossível, façamos o que nos é possível, permitido e, algumas vezes, desconfortável e incômodo - e por isso, a maior parte de nós, foge disso como "o diabo foge da cruz".
De tempos em tempos é bom que consigamos parar, olhar para trás e refletir.
Acho que de um modo geral, nos cobramos muita coisa, somos exigentes demais para conosco - sem olhar para trás e conseguir perceber tudo o quanto conseguimos diante da vida. Quem é muito implacável consigo mesmo, costuma agir da mesma maneira com as outras pessoas.E isso não é lá uma atitude que eu listaria como delicada...
É bom que, nesta parada, também reflitamos sobre quais eram nossas crenças, nossos anseios e nossos sonhos bem lá atrás - isso vai fazer com que reavaliemos nosso caminho, percebamos do quanto tivemos de abrir (ou não) mão de nossos sonhos e projetos - e por quê fizemos isso,e qual foi o preço disso. Quem, em nome do status e de ambição, acabou por abrir mão de todos os seus anseios e sonhos infantis, sem se dar conta, acabou por perder a esperança e a capacidade de sonhar - a isso chamamos de insensibilidade e um ser humano insensível, dificilmente consegue relacionar-se com as pessoas dentro de normas de respeito e ética...
E, já que o momento nos permite, também seria bom que, de vez em quando, parássemos e tentássemos entender de onde vêem todas aquelas nossas enormes culpas (...e quem não as tem, não é mesmo?). Somente olhando para trás, de vez em quando, lembramos de algum fato, alguma cena, algo que, lá na nossa infância nos tenha marcado de uma forma tão profunda e, na maior parte das vezes, tão errônea. Só assim saberemos nos perdoar com mais facilidade e sermos mais tolerantes para com as nossas próprias falhas. Somente quem consegue perdoar-se sabe perdoar, aceitar e entender as demais pessoas e isso é sinônimo de qualidades admiráveis e invejáveis em seres humanos: bondade e tolerância.
Vivemos tempos difíceis, de correria e muito pouco tempo, ou nenhum tempo. E, sem que a gente se dê conta, de repente o que acontece é que não estamos mais vivendo...
Viver em "estado de ausência" é o que a maioria das pessoas faz nos dias de hoje e isso quer dizer viver mecanicamente, sem usufruir os prazeres das pequenas coisas e sem consciência alguma de quem na verdade elas são, quais são suas crenças, seus sonhos, seus objetivos reais. De quais são seus potenciais - e de como explora-los melhor - e ainda, de quais sãos seus limites - até onde podem ou devem chegar : passar dali pode significar perigo ou falta de auto-respeito!
Assim, convido-os todos a que, com mais freqüência exercitem a chance das Duas Vidas - a de antes de mergulharem e tentarem descobrir quem, na realidade é cada um de nós - e a "outra vida" que é a de um ser humano que conhece (ou busca faze-lo) a si mesmo, sonha, sabe de seus limites, suas competências, seus objetivos e corre atrás deles todos sem perder a sensibilidade, a capacidade de sonhos, o prazer no convívio com outras pessoas, os princípios de ética e respeito que devem (ou deveriam...!) pautar a conduta de todos nós. Essa é a vida que realmente vale a pena ser vivida: com chances de crescimento a todo instante, vivida em sua plenitude, vivida com a razão e a emoção caminhando juntas, uma vida em "estado de constante presença". Quer coisa mais gratificante? ...E mais chique também?
Autora: Célia Leão (www.etiquetacelialeao.com.br), publicado com autorização.

Nenhum comentário:

Postar um comentário