sexta-feira, 13 de julho de 2018

Como e porque parei de fumar - Uma experiência



Fui uma inveterada fumante por mais de 30 anos e, confesso, era daquelas "fumantes peso pesado", que fumava um maço de cigarros por dia; jamais dormi sem maços de cigarro fechados aqui em casa porque, caso eu acordasse no meio da noite e quisesse fumar, precisava ter a certeza de tê-los próximos a mim.
E então, devagar, vieram as novas leis. 
E devagar comecei a cansar de me sentir inadequada tal qual um elefante passeando por uma loja de cristais...
Não se fuma em restaurantes, não se fuma em aeroportos, não se fuma em shoppings, não se fuma em hotéis e, cá entre nós, acho que até no Inferno não se fuma mais hoje em dia.
Assim, um dia, trabalhando no InCor - e fumando na calçada da rua - me peguei olhando para aquele medidor que eles têm em frente ao Instituto que mede quantas pessoas estão morrendo no mundo em decorrência do cigarro. É mais ou menos como o Impostômetro que a Associação Comercial de SP tem instalado em seu prédio, para acompanharmos a arredação do governo minuto a minuto.
E, assim como o Impostômetro choca e assusta, o outro marcador também faz exatamente a mesma coisa e leva o fumante a perceber quão letal e estúpido é esse vício.
Então, após muito pensar, decidi aceitar a oferta que me fez o time InCor e procurei ajuda e tratamento com uma cardiologista fantástica chamada Jaqueline Issa.
Com o apoio da médica e com o auxílio de um medicamente bastante eficaz, assumi para mim mesma a filosofia dos Alcoólicos Anônimos, o "só por hoje" no dia marcado para que eu abandonasse completamente os cigarros.
Durante bons seis meses, andei com meu isqueiro e a minha cigarreira dentro da bolsa, a fim de prevenir um over-ataque de ansiedade, caso eu sofresse uma recaída.
Hoje, depois de anos - não estou certa se nove ou dez anos - de vez em quando me pego pensando porque não tomei esta decisão mais cedo.
Sinto-me livre, sem aquela pressão de ter que sair dos lugares para satisfazer o meu vício. Hoje me sinto socialmente adequada. Minha pele e meus cabelos têm outro viço.
Jamais sonhei que estava fumando, jamais pensei em voltar a fazê-lo: sou uma ex-fumante convicta e bem resolvida!
Uns dois ou três anos após me ver livre do cigarro, passei a pedir desculpas por ter incomodado tanto os amigos e familiares que me são mais próximos.
Aqui em casa, reservo um canto externo para os eventuais visitantes que ainda fumem porque, confesso, o cheiro do cigarro me incomoda profundamente. Respeito os que insistem em fumar, mas quero que meu direito de não sentir o cheiro ruim que a fumaça do cigarro deixa também seja respeitado.
Sigo tomando café, sigo sentindo o mesmo prazer em partilhar socialmente um drink com amigos, tendo para mim sempre o dito que diz "a virtude está no equilíbrio"
E confesso que ando sentindo falta de uma campanha que combata também de modo firme e incisivo as bebidas alcoólicas. 
Porque o cigarro faz muito mal a quem o fuma. Já o álcool faz mal a quem o consome sem moderação e, a depender do caso, prejudica relações afetivas, relações familiares e a vida profissional também.
Hoje penso que parar de fumar foi das decisões mais sábias que já tomei na vida. 
E aconselho e incentivo a todos aqueles fumantes que costumam me perguntar como foi o processo que tomem coragem e iniciem o processo de abandonar o vício.
Perdi minha única irmã: apesar de ter se curado de um câncer de mama, seguiu fumando e acabou fazendo com que a doença reincidisse e a levasse de todos nós...
Pensando bem, acho que eu era escrava e não sabia. 
Hoje estou livre da dependência. 
E bem feliz!
Célia Leão

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