quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Piruás corporativos


Li uma crônica falando sobre os piruás: aqueles grãos de milho que, não importa a temperatura do óleo, seguem duros e não se transformam em pipoca. Ao final de uma enorme tigela, esses grãozinhos invariavelmente restam no fundo e são descartados antes que a vasilha seja lavada. Fazendo uma analogia com o universo empresarial, me dei conta de que, ao longo da minha vida de palestrante, muitos piruás corporativos cruzaram o meu caminho. 
Uma postura rígida diante da necessidade de mudança pode custar o seu emprego.
Me refiro àquele tipo de pessoa que não percebe— ou não quer perceber que a empresa espera mudanças em sua postura e deseja que ela repense a maneira de interagir com os colegas, os clientes e o mundo em geral. Já perdi a conta das vezes em que falei sobre a falta de delicadeza que é se atrasar para um compromisso— e me canso de esperar pelos atrasados crônicos. A indelicadeza é abrangente e irrestrita: poucos se preocupam em nem sequer retornar a um telefonema e se dizem experts em networking. Dos e-mails, então, nem se fala: além de não responderem às mensagens, seguem violando a privacidade dos outros, por exemplo, incluindo o endereço eletrônico de uma pessoa em uma lista enorme de gente que ela não conhece. Trocando em miúdos, apesar de tudo o que se diz por aí sobre comportamento profissional, essas pessoas não mudam, mesmo nas coisas mais simples. 
Por exemplo, o verão está chegando e, por mais que recebam ou leiam orientações sobre a inadequação de certos modelitos para o trabalho, as pessoas seguem fazendo o que é mais confortável, sem levar em conta as mensagens que a empresa está tentando fazer chegar a seus ouvidos. Certamente, chegará o momento em que esse profissional piruá será desligado. E muitos deles passarão anos perguntando a si mesmo e aos amigos por que isso foi acontecer com eles? Pois é, aqueles que não mudam de postura correm os mesmos riscos dos tais grãozinhos, que insistem em se manter rígidos mesmo na fritura e acabam descartados.
Autora: Célia Leão (www.etiquetacelialeao.com.br), publicado com autorização.

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